Eu não justifico minhas dores através da agressão – é o que eu diria, se de fato o fizesse. Mas minto para quem me escuta com palavras doces, e digo que as rachaduras que encontram em mim são como memórias, apenas para recordar que bom comportamento há de ser recompensado. Eu minto para os gritos na minha cabeça ao dizer que estou no controle, mesmo que meus arredores estejam pegando fogo. E eu minto para meus pais ao dizer que está tudo bem, mas hoje eu apenas escrevo os textos mais tristes que consigo imaginar, e coloco tudo de mim dentro de cada letra, porque se eu não colocar para fora minhas feridas, como irei sangrar?
E não aceito sangrar sobre outras pessoas, mas mesmo assim eu o faço, porque mau comportamento há de ser recompensado, e rachaduras novas irão surgir como desenhos e irão espalhar tinta e gesso por todo lugar, como um pincel a pintar em uma tela em branco. Comportamentos há de ser recompensados, sejam maus ou bons, pois assim deve ser, senão quem irá cuidar dos cacos que restaram de mim?
Quem irã contemplar a beleza de meu interior se eu não me abrir por inteiro?
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