Se a beleza é relativa, o que garante que o sangue que faz meus olhos brilharem — aquele que torna meu ser mais vivo — contém uma beleza real? Mesmo que requintada, mesmo que eu a aprecie sozinho... Ela é verdadeiramente linda, como eu imagino?
Posso estar cego. Eu sei que estou cego. Não consigo entender o mundo, não o vejo da maneira que deveria. Sua essência e aquela que sinto ser sua essência são coisas diferentes, fora do meu controle. Eu não posso continuar brincando comigo. Terei que jogar a boneca fora.
Devo enforcá-la, ou fazê-la ter uma overdose? Devo arremessar o brinquedo na rua ou de uma ponte? Como eu me livro dessa maldita boneca desgraçada, que todos preferem que esteja morta, pois é mais fácil esquecer a lidar com o problema?
Mas a boneca nunca vai embora, não é? Eu sempre a mantenho guardada aqui por medo de precisar dela um dia. Mesmo odiando a boneca, mesmo odiando ela, mesmo eu me odiando... ainda estou aqui.
Se eu realmente quisesse, eu poderia lidar com isso. Mas prefiro dormir, prefiro esquecer o que é viver do que confrontar o mundo. Enxergar a essência dele não é tão ruim assim. Ainda existe uma beleza para encontrar.
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