Hoje eu quase cometi um erro. A saudade dos velhos tempos me derrubou, arrastou as memórias e me fez sentir como se fossem lembranças boas; mas eu sei que não. Por mais que a saudade tente pintar como verdade, eu lembro exatamente como foram aqueles tempos – sei da tortura e da tragédia, lembro de cada passo que me levou a ela, e sei como a história terminou.
Mas ainda me tenta a saudade, em repensar sobre toda a verdade, e me tenta recriar o passado em um presente melhor. Me tenta a maneira como seus olhos se movem, e me tenta o jeito que seu sorriso surge ao me ver. Me tenta retornar ao passado – eu quero destruir tudo o que tínhamos, apenas para apagar da memória o hálito de álcool que minhas narinas consomem. E eu quero apagar cada palavra que você proferiu, cada mentira que você construiu sobre como seu mundo desabara em um passado distante, e como sua vida estava acabada.
Eu quero acabar com sua vida, e reconstruir uma nova para que você seja mais feliz. Talvez assim você não sangre em mim, e não manche todo meu olhar para o futuro – pois tudo o que enxergo agora é escuro, e eu sinto como se fosse afundar enquanto sigo seus passos outra vez.
Você me moldou à sua maneira. Você me pintou com suas mãos e me transformou em uma bagunça que fala bobeira. E sua boca instruiu as ordens que eu deveria seguir como uma torneira.
Cegamente eu segui, por mais que não quisesse. E me tornei o que mais temia.
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